Em O Contágio da Mentira - Como sobreviver na cultura do corona, Martim Vasques da Cunha explica que a crise de hierarquia surgida com a pandemia da covid-19 não ocorreu somente no mundo da natureza ou no da cultura. Ela se deu sobretudo no mundo das elites intelectuais e políticas. E aqui não sabemos se, por exemplo, a peste pode ter sido causa ou consequência de más decisões desses homens públicos. O que se
reconhece é que, nesses casos, há um flagelo ainda pior do que a catástrofe natural: a anarquia da sociedade.
No livro, conta-se como, nesse ambiente de caos, a mentira impera – e infelizmente contagia aqueles que deveriam combatê-la a todo custo: os intelectuais, os escritores, os jornalistas e os pesquisadores da ciência. Ao mesmo tempo, o autor se pergunta se esses mesmos sujeitos, ao insistirem em suas opções equivocadas, não seriam uma peste à parte. Afinal, eles mexem com o conhecimento e a memória e, quando todos esses
sábios se tornam indistintos, o próprio ato de conhecer perde a sua função e o seu propósito. Por isso, O Contágio da Mentira surge para nos ajudar a entender um pouco mais o que realmente se passa quando uma epidemia atinge não só o tecido social, mas principalmente a própria existência de um país, no âmbito do que significa se informar e saber o que de fato acontece com seu povo.