Através da abordagem do fatídico 17 de abril de 1996, em que 19 trabalhadores rurais sem-terra foram chacinados por militares, no Km 100 da PA150, na curva do "S", em Eldorado dos Carajás, no Estado do Pará, já bem próximo ao ocaso do século XX, me impulsionou, expor à sociedade o descontentamento e a incerteza que temos no que tange à culpabilidade dos reais mandantes dessa barbárie e o descaso das autoridades em relação ao acontecido. Este paradidático também procura abordar tópicos fundamentais sobre questões fundiárias: como a luta pela posse da terra no Brasil; a ausência de uma justa reforma agrária no país; a grilagem de terras ("o câncer do campo"); o trabalho escravo no campo etc., temas polêmicos relacionados à grande e vergonhosa concentração de terras existentes em nossa nação. É lamentável saber que enquanto os governantes não adotarem políticas sérias em favor dos milhares de sem-terra empobrecidos de nosso país, os mesmos serão sempre caracterizados pela exclusão e marginalização. O descaso das autoridades, resultado desse estereótipo, corrobora ainda mais para a impunidade. É indubitavelmente importante, também, ressaltarmos que dificilmente teremos uma política agrária idônea, em virtude de nosso país ter também adotado esse modelo econômico explorador: o neoliberalismo que, obviamente, em sua feitura, sempre beneficiará – enquanto existir – uma parcela mínima de privilegiados em detrimento de uma maioria, não só no que diz respeito ao trabalho, mas à própria vida. Este livro não poderia abordar todos os aspectos da problemática fundiária. Contudo, sem dúvida, despertará a curiosidade do leitor para essas questões e o interesse pelos problemas gerados no país em decorrência dessa injusta estrutura agrária brasileira, causadora de tantos conflitos e mortes.