Em "O cônego ou metafísica do estilo", Machado de Assis apresenta o cônego Matias, que trava uma batalha insólita com as palavras. Em busca de um único adjetivo para concluir o sermão, mergulha em divagações e reflexões sobre o ofício de escrever, transformando o impasse criativo em exercício de ironia e crítica ao preciosismo literário.
Já em "Um apólogo", a cena se desloca para o diálogo entre uma agulha e um novelo de linha. A conversa, simples em aparência, rapidamente ganha contornos de fábula moral, expondo com humor e leveza a inveja, o ciúme e a vaidade que marcam as relações humanas.
Colocados lado a lado, os dois contos revelam a versatilidade de Machado: de um lado, a sátira ao estilo e ao labor intelectual; de outro, a parábola engenhosa que traduz em objetos do cotidiano as contradições sociais e afetivas.