Na hierarquia social da corte imperial brasileira de D. Pedro II (1841-1889), vestir-se adequadamente revelava riqueza, poder e influência. Desta maneira, uma parcela da nobreza e também de fazendeiros e negociantes enriquecidos pelo café passou a gastar parte de suas fortunas com roupas e assessórios importados.
O trabalho começa com as comemorações da coroação de D. Pedro II e termina com a o último baile do império, o Baile da Ilha Fiscal. Dois tempos se entrelaçam, o tempo curto da moda, em que as modificações nas vestimentas passaram a ser feitas regularmente ao longo dos anos, e o tempo longo das mudanças da sociedade ocasionadas pelas modificações do capitalismo global e nas importações brasileiras.
A moda no século XIX surge como objeto privilegiado para a pesquisa. Na sociedade burguesa ainda em formação, a moda expunha novas hierarquias sociais, antecipando vontades e tendências culturais, trazendo valores e estilos que dialogavam com os velhos padrões do Antigo Regime, mas que, a pouco e pouco, impunham nova estética e novas etiquetas.
Este livro mapeia quais eram os principais tecidos que entravam no país pelo porto do Rio de Janeiro, de que maneira esses tecidos eram transformados em roupa e, finalmente, vendidos na rua do Ouvidor. Assim, ao estudar o consumo de roupas no Rio de Janeiro imperial, podemos perceber como se caracterizava o nascente capitalismo nacional, dentro das transformações globais ocorridas durante a Revolução Industrial.