Elaine Greenstein tem 80 anos e está prestes a se mudar para um apartamento para idosos. No novo endereço, ela não terá espaço para muita mobília ou lembranças de sua longa vida como advogada. Por sorte, logo depois de tomar a decisão, a Universidade de Southern California pediu que Elaine doasse sua coleção de papéis para a biblioteca da instituição, e ainda colocou à disposição dela um aluno para ajudá-la.
Inicialmente, Elaine ficou com receio. Uma coisa era ceder material de sua carreira jurídica, outra era entregar papéis pessoais. A universidade queria tudo, guardados de sua infância, as cartas trocadas com o marido Paul quando ele se alistou na Segunda Guerra Mundial, desenhos feitos pelos filhos e até lembranças relacionadas à sua família judia fugida da Romênia.
Em meio aos pertences, havia duas caixas sem identificação, que deviam estar guardadas ali há mais de 30 anos. Além de cartas de família, Elaine identificou folhetos que remetiam à Bárbara, sua irmã gêmea que havia fugido de casa há mais de seis décadas. Elaine tentou evitar, mas junto aos folhetos derramou-se uma enxurrada de lembranças da infância em Boyle Heights, em Los Angeles, onde morava sua família vinda da Romênia.
Fazia muito tempo que Elaine estava em paz com o desaparecimento da irmã e já havia superado a necessidade de buscar informações sobre o paradeiro de Bárbara. Ela havia ficado no passado até aquele dia em que Joshua encontrou uma anotação sobre um possível novo nome adotado pela irmã: Kay Devereaux. De início, Elaine não aceitou a proposta de Joshua para pesquisar mais sobre o assunto, mas a curiosidade foi maior que o orgulho.
Entremeando a busca com memórias do passado, a autora insere o leitor no dia a dia da família Greenstein, especialmente durante as décadas de 1920 e 1930, nos anos que antecederam a fuga de Bárbara e foram decisivos para Elaine se tornar a mulher forte que viria a ser.