Esqueça os detetives de outrora, que circulam por ruelas escuras e frias, envoltos em trajes soturnos e enigmáticos. O investigador baiano Agostinho Matoso, o insaciável Augustão, prefere calças brancas e camisas floridas, frequenta os ensaios do Olodum e nunca enfrentará questões de magnitude com a cara limpa - uma cerveja gelada, por favor, uma rede, quem sabe um baseado, Miles Davis e Jorge Benjor, porque há que se matutar, e muito, para decifrar o crime que paralisou a cidade.
Nunca se viu nada parecido na Bahia. O assassinato da musa do carnaval, em plena terça-feira gorda, eletrizou Salvador - quem teria motivos para matar a linda Sereia, que aos 22 anos se tornara uma estrela exuberante do pop nacional? A princípio ninguém, mas a lei do suspense clássico também vigora neste noir baiano: incluindo o mordomo, são todos suspeitos.
Plugado no computador, seu bom e velho Macintosh, Augustão vai rastrear a vida dos principais envolvidos nesta trama insólita. Os criadores de Sereia, seus produtores artísticos, a fiel empresária, o chefe político local, a mãe-de-santo mais poderosa da Bahia - a vida de cada um será vasculhada pelo sagaz investigador, capaz de cometer deliciosas irresponsabilidades para atingir seus objetivos.
Sob o sol inclemente do verão, ao longo desta semana que Salvador jamais esquecerá, Augustão vai percorrer uma Bahia pós-jorjamadiana, pós-moderna, pós-tudo. Um território dominado por personagens bizarros e contemporâneos, onde o sexo se libertou da classificação por gênero, o terreiro de umbanda é altamente informatizado e os mitos do mundo pop são construídos com precisão espantosa.
Movido pela curiosidade e por uma peculiar adoção dos pecados capitais, com grande destaque para a gula e a luxúria, nosso investigador particular viverá seus dias de Sam Spade e Nero Wolf - reinventando o ofício com toda a exuberância que sua baianidade lhe permite.
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