"Por que deixaste sobre a cama o cadarço vermelho do teu sapato que tantas vezes te pedi e não me deste?". Essa pergunta de um amante a outro, feita por carta que atesta uma ruptura amorosa, acionará uma torrente de lembranças por meio das quais o narrador protagonista (re)vê a si mesmo, seu amado e a história de seu amor-paixão rompido. Essa viagem pelos afetos vividos, sonhos e projetos partilhados (alguns irrealizados porque expressão da fantasia amorosa) é realizada por Danilo, o protagonista deste romance de estreia de Aguinaldo Gonçalves. O amor-paixão bem vivido, com seus encantos e desencantos, é, aqui, a isca que convida o leitor a viajar na rememoração de Danilo e a se identificar com ele na ambição de fazer da própria vida uma obra de arte burilada pelo amor e pelo tempo. Fio rubro estendido ao outro (dentro e fora da história narrada), O cadarço vermelho convida a prestar atenção nas inúmeras reverberações de sentido inscritas nas ações, palavras e silêncios que, articulados, tecem as histórias de amor nos momentos de sua vivência e de sua revisitação pela memória.