*O Cadafalso* é uma obra de poesia filosófica e existencial em que **a lucidez se transforma em sentença** e o **ato de pensar** em uma espécie de **martírio sublime**. Evan do Carmo escreve como quem enfrenta o próprio abismo — e o título simboliza exatamente isso: o **cadafalso** é a metáfora da **inteligência como suplício**, o lugar onde o poeta é enforcado pela própria consciência. Dedicado à musa **Ariadne**, símbolo nietzschiano da liberdade dionisíaca, o livro é atravessado por uma tensão entre o sagrado e o profano, o apolíneo e o dionisíaco. Ariadne é o fio e o labirinto — a inspiração e o castigo —, a figura que o poeta ousa revelar, pagando o preço da lucidez. A linguagem é **lapidar e intensa**, misturando lirismo e filosofia em versos que lembram Nietzsche, Pessoa e Camus, mas com voz própria e visceral. O autor alterna poemas curtos e aforismos densos, em que o **pensamento se converte em emoção** e a **emoção se transforma em pensamento**. Entre os temas centrais estão a **consciência como dor**, o **amor como abismo**, a **criação como redenção** e a **morte como musa**. A solidão aparece não como fuga, mas como **condição de autenticidade** — é na solidão que o poeta encontra o sentido e o peso da existência. Ao final, o livro é mais do que um conjunto de poemas: é um **rito de passagem espiritual**, uma confissão estética de quem reconhece que criar é morrer um pouco — mas morrer com beleza. Em *O Cadafalso*, a poesia é crucificação e ressurreição ao mesmo tempo; a dor é o preço da verdade, e o verbo, a única forma de liberdade. > "A inteligência é o cadafalso. > Mas é nela que o espírito renasce, > toda vez que o corpo se entrega à queda." ***O Cadafalso* é o grito lúcido de um poeta que fez da razão um altar e da dor, um ato de criação.**