Poemas sobre curtas existências, lapsos de ações, memórias e absorção. Nesse livro, o autor envereda pela imaginação e monta recordações sobre a terra, o mar, a morte, o tempo, os sentimentos e a infância. A solidão e sua ação contemplativa ganham voz, todavia, uma voz distante e quase deserta, criando atmosfera de reclusão e disciplina sobre as vontades. Trata-se não do abandono social, mas do abandono em si, a interiorização dos sentidos que só podem se expressar por desejo ingênuo ou lamento árido. Quando o cacto não cresce, a obviedade dá lugar às hipóteses e ao ato de imaginar, propondo-se outras imagens. Há também poemas sobre objetos, celebrando suas funções e usos incomuns ("a trave", "o gravador", "o voo"), outros tratam da poesia e do poeta, ambos em estado contemplativo.