Em O Bode Azul, o personagem Fio começa no interior de Santa Catarina, passa por Porto Alegre, vai a Moçambique e Guiné-Bissau, na África. E, no final, retorna ao Brasil. As histórias contadas por ele vêm desde a sua infância, seguem como uma linha, um fio de meada, pelas profundezas da Intersindical, o movimento mais importante dos trabalhadores durante a ditadura militar, passa também por uma época do sindicalismo dos jornalistas gaúcho e brasileiro, da Coojornal, além da recordação de momentos e fatos das redações de Porto Alegre. Passa por quartéis, universidades, mercados, bares, cabarés… Em seus desafios, chega a ir até aos Estados Unidos e México. A ideia, por mais incrível que pareça, tem a pretensão de ser original. Não se trata de jornalismo. Nem de ficção. Não se trata de resgate da história, nem de biografia. Não se trata, também, de pôr a bunda de ninguém na janela para passar a mão nela. Apenas contar momentos vividos pelo autor. Como um quatro em um. Como são lembranças resgatadas da memória, podem conter falhas ou até injustiças, quiçá (bom, né!), até escorregões. Fio sempre teve a verdade como base e horizonte; porém, no seu caminhar, não deixa de acertar algumas contas com a história do seu passado, ajeitando pequenos detalhes não facilitados pelo real ou que os fatos não permitiram que acontecessem conforme seu interesse muito pessoal. Enfim, ajustes com a própria vida.