Na teoria da beleza de Aurélio Agostinho, podem-se perspectivar dois aspectos do belo: o objetivo, que se refere à beleza no cosmos expressa na disposição harmônica da ordem da natureza, e na harmonia da obra de arte, isto é, a beleza em tudo aquilo que é exterior ao homem; e o subjetivo, tratando-se da maneira como o homem em sua interioridade capta, contempla e se apraz no sentir do belo que há em todas as coisas. No presente livro se pretendeu analisar o primeiro, mas especificamente as diversas vertentes em que se manifestam o belo no cosmos. Ou seja, a beleza que se manifesta na simetria e unidade das partes em cada criatura, nos movimentos e sons das criaturas e dos fenômenos da Natureza perfeitamente proporcionais aos seus modos de ser, no feio enquanto ausência de beleza, no feio no conjunto do cosmos, no equilíbrio de cada criatura em seu lugar próprio cumprindo seu específico papel na ordem, no equilíbrio causado pelas mortes dos seres, as quais cedem lugar para o nascimento de outros, na ordenação harmônica holística do cosmos, bem como enquanto imitação e participação da verdadeira beleza presente nos arquétipos eternos e imutáveis presentes no Verbo divino. Além do foco na teoria da beleza no cosmos, temos nesse livro certo apelo ecológico, pois investiga os argumentos e teorias de Agostinho para uma defesa intransigente da natureza como valor em si mesmo, e não como bela ou boa segundo a ótica humana ou por sua utilidade para o viver dos homens.