O que é mais importante, a história de um romance ou a forma como é contada, a linguagem usada em sua narrativa? Em "O beijo da Pombagira" essa questão clássica e amplamente discutida ganha dimensão exponencial. Ao realizar uma pesquisa de campo em um terreiro de Umbanda, um psiquiatra se apaixona por uma entidade espiritual, conhecida como Pombagira, com quem passa a ter um relacionamento condenado por todos os religiosos. Semanas depois, desesperado com o sumiço do espírito, que fora proibido de voltar ao terreiro por conta do caso amoroso, ele mata a médium que o incorporava. Uma trama que ganha dramaticidade impressionante, contudo, não apenas por seu desenrolar, mas por conta das linguagens usadas em seus capítulos, o discurso alegórico bíblico, a narrativa científica e as linguagens jornalística, audiovisual e poética, além de diferentes estilos literários para prosa, que mudam propositalmente todo o tempo a percepção que se tem da história e das personagens. Finalista da Segunda Edição do Prêmio Rio de Literatura, categoria Novo Autor Fluminense, "O beijo da Pombagira" é um romance que surpreende tanto pelo conteúdo, quanto pela forma.