Os livros ajudam a alma a trocar de roupa. Nada mais verdadeiro. Nós, leitores, estamos sempre a um passo de descobrirmos de que matéria são feitos os sonhos e, quando sentimos que estamos quase lá, ela nos escapa. E iniciamos tudo de novo em uma nova obra com a certeza de que, dessa vez, desvendaremos, enfim, todos os mistérios do universo. Nessa procura incessante, por algumas horas, o tempo repousa para dar passagem à imaginação. Assim, seguindo essa tradição, os contos que, nessas páginas se revelam, nos narram os nossos encontros, às vezes angustiantes, outras vezes, consoladores, mas sobretudo, surpreendentes com a solidão, a desilusão, a dor, a crueldade, o amor, a esperança, a coragem e a resiliência, tudo, enfim, que acompanha a nossa jornada pelo mundo.
As histórias que desfilam por essas páginas há muito tempo me habitam. No entanto, essas contações não são minhas apesar de me pertencerem. Elas são parte de todos nós, viajantes de galáxias reais ou imaginárias. Às vezes, elas revelam o que gostaríamos de ser em um outro tempo e lugar. Em outras ocasiões, dizem o que jamais seremos ou o que tememos profundamente ser. Nessa sala de espelhos, O Baú dos Esquecimentos nos convida a embarcarmos em uma aventura inigualável pelo mundo interior de protagonistas extraordinárias que enfrentam desafios, às vezes, profundamente prosaicos e cotidianos, outros, surpreendentes e assombrosos.
Essas mulheres de papel, apesar de terem a capacidade de provocar em seus leitores as mais díspares emoções e sentimentos — fascínio, surpresa, tristeza, piedade, compaixão, inveja, encantamento —, compartilham a mesma sina, são profundamente humanas. Por isso, deixo aos leitores um conselho precioso: é hora de pegarem o bilhete para iniciarem a jornada em busca dos imperfeitos sentidos que a vida deita aos nossos pés, não percam um minuto sequer para ocuparem seus assentos no trem que já está apitando na estação. Eu encontro com vocês em algum lugar do caminho, numa virada qualquer da próxima página.