Em "O astrólogo", Machado de Assis acompanha Custódio Marques, almotacé, responsável por fiscalizar pesos e medidas, e homem acostumado a observar a vida alheia com curiosidade meticulosa. Suas atenções se voltam para um juiz que mora por perto, e ele passa a recolher detalhes do cotidiano do magistrado como quem monta um quadro silencioso de intenções e possibilidades.
À medida que reúne informações, Custódio acredita ter encontrado um ponto vulnerável na rotina do juiz e imagina poder usá-lo para aproximar sua filha do sobrinho dele. Convencido de que domina a situação, organiza seus planos com confiança crescente, como se pudesse conduzir o rumo dos outros a partir de pequenas descobertas e deduções.
No entanto, quando decide agir, percebe que a realidade escapa ao controle que julgava possuir. O momento que deveria confirmar suas expectativas revela apenas a fragilidade de seus cálculos e o descompasso entre seus projetos e o que de fato acontece.