Tinha um elefante no arbusto.
Eu estranhava aquela sombra, aquela enorme silhueta tapando a luz do sol, mas só
virava o olhar, fingia não ver o dito-cujo.
Um dia cheguei do trabalho e o entardecer não estava mais sombreado. Quase
comemorei.
Mas quando abri a porta, enxerguei aquela enorme bunda de paquiderme:
O elefante tava na sala. Relevei... Tudo bem o pouco espaço,
não me importei com os cristais quebrados. Elefante virado de bunda pra porta dá
sorte. Não demoraram duas semanas, e numa noite ele entrou de mansinho no quarto,
pata
por
pata
e se aninhou no meu peito.
Tudo bem, pensei sonolento. Posso me acostumar com algumas toneladas.
Voltei a dormir.
2020 mal tinha começado.