Escrever sobre psicanálise costuma ser a arte de complicar o que é, por natureza, apenas complexo.
Quem abrir este livro em busca de hermetismos que demandem uma exegese (ou mesmo de palavras como "hermetismo" e "exegese") vai se frustrar: a linguagem aqui é límpida. O autor não quer humilhar ninguém — nem assumir, por algumas páginas, o papel do Superego.
Este é um dos fundamentos do método desenvolvido por Francisco Daudt: deixar de lado o aprisionamento pelo Superego (por submissão ou por rebeldia) e investir na compreensão de como ele se forma — e na apropriação do que seja efetivamente nosso naquilo que parece estar fora (ou acima) de nós. Ou, dito em daudtês, separar o bebê da água do banho. E saber o que descartar, obviamente.
O amigo pergunta amplia — em forma e conteúdo — o processo de desmonumentalização da psicanálise, que vem sendo feito desde A criação original, O aprendiz do desejo, O aprendiz da liberdade e O amor companheiro.
É Freud, sim — mas em "língua de gente".