Ao leitor
Segundo o preceito goethiano, "o homem, ultrapassados os quarenta anos e
percebendo que sua vida fora de experiências proveitosas, deve escrever suas
memórias, cuja função é representá-lo e seus coevos tanto nas condições de seu tempo
quanto sob a influência do movimento político geral". Este livro é um romance, parte
memória, parte ficção, não deixando, contudo, de subordinar-se às exigências de seleção
e síntese, sem as quais, já observou alguém, levar-se-ia tanto tempo a narrar quanto se
levou para viver.
Situado entre l976 e l982, dentro do Alojamento de Estudantes da UFRJ, na Ilha do
Fundão, tem por pano de fundo o início da crise econômica, o processo de distensão e,
posteriormente, a abertura política dos governos Geisel e Figueiredo, abordando os
sonhos, dramas, conflitos e paixões de alguns personagens locais - entremeados pela
busca de expressão e de identidade nacionais. Pretende, mais que rememorar, alertar
sobre a paralisia reinante, filha e cúmplice, quando não escrava, do medo da opção por
algo mais profundo, emitindo um sopro de estímulo e esperança.
Em termos pessoais, parafraseando Flaubert, "é um desses livros escrito (e tantas
vezes reescrito!) ao longo de já dezesseis anos, vagarosamente amadurecido nas
leituras e na pesquisa, por alguém que sempre sentiu que deveria fazê-lo, mas que
atualmente não consegue mais prosseguir na revisão. Essa obra (sempre por corrigir!)
pesa-me cada dia mais, física e mentalmente, embora saiba que obra alguma haveria
feito se aguardasse alcançar a perfeição". E uma vez escrito, editá-lo é ainda outra saga,
sob pena de ficar meses (ou anos) mofando, erradamente remetido a uma gaveta ou
depósito.
Assim sendo, solicito, caso a obra se enquadre em seu interesse, que envie suas
críticas e avaliações para o endereço eletrônico: ivesoju2@ig.com.br
Sem mais, grato pela atenção.