A Rede Federal de Educação Profissional no Brasil, desde sua implantação, em 1909, vive um eterno reformismo. Muitas mudanças promoveram alterações em sua estrutura organizacional e em sua oferta de diferentes cursos e níveis de ensino. Com isso, muitos nomes foram dados às instituições dessa rede, como Escola Técnica Federal (ETF), Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) e, atualmente, Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Os professores, diante das constantes mudanças, são impelidos a atuar em outros níveis, mesmo sem receber capacitação para isso. Essa ausência de formação para novas reorganizações curriculares e institucionais sempre produziu embates, os quais, por sua vez, revelam que desconstruir e reconstruir saberes docentes deve ser feito de maneira processual e sistematizada; não é "aprender a pilotar em pleno voo".
A fim de contribuir com a formação de professores que atuam na educação profissional é que esta obra foi organizada. Mesmo que sejam apresentadas análises sobre ações docentes que se referem predominantemente à área de linguagens, é importante destacar que elas se realizam no coletivo de trabalho, em um processo de entrelaçamento de saberes docentes e científicos que dialogam com diferentes áreas. Essa compreensão interdisciplinar sobre o ensino está intrinsicamente relacionada com a concepção de formação integral de estudantes, alvo principal de uma instituição que visa à inserção de cidadãos para atuarem no mundo do trabalho.
A presente obra traz também à tona fatos, textos e sentidos que podem auxiliar o(a) leitor(a) a compreender um pouco da história da instituição — que se atrela à história da educação profissional no país — e reconhecer que certos conflitos que estão diante dos docentes desse contexto podem parecer totalmente novos, mas na verdade não o são, pois somente seu invólucro é de inovação, mas sua essência não foi alterada. Assim, olhar para o passado, nesse caso, é evitar que os erros e as angústias já superados voltem à tona e se instalem novamente no coletivo de trabalho, sem a ressignificação efetiva das ações docentes entre todos os atores envolvidos na educação profissional.