Murilo Rubião (1916-1991) figura, com inquestionável mérito, entre os grandes contistas da literatura brasileira, reconhecimento, este, consolidado pela apreciação de nomes notáveis da crítica especializada desde sua estreia em 1947. Com uma obra de pouco mais de trinta contos publicados, muitos retrabalhados incansavelmente, foi um exímio criador de personagens e enredos representativos do impasse existencial do homem e do esvaziamento de sentido da experiência moderna. Tais características aproximam, frequentemente, a literatura fantástica do autor à ideia de absurdo, adjetivação, porém, pouco precisa para delimitar suas peculiaridades literárias. O que seria, afinal, o absurdo muriliano? A partir de um olhar comparativo com a filosofia do absurdo de Albert Camus (O mito de Sísifo) e o existencialismo de Sartre, acrescido de instrumental teórico próprio da literatura, este livro investiga a poética do absurdo no autor, marcada pela singular mescla de tragicidade, comicidade e ironia