A arte militar tem se modificado através dos tempos, diante das condutas bélicas apresentadas dentro de cada teatro de operações, mediante as estratégias elaboradas pelos comandantes beligerantes. Estes guerreiros estavam inseridos no contexto histórico em que viviam e possuíam vínculos com a cultura de suas origens, sendo influenciados no desenvolvimento de administração das formas como lutavam. A postura imposta em cada batalha demonstrava as linhas de ação, ofensiva e defensiva, que eram apreendidas nas guerras anteriores, buscando um melhoramento para o fim comum: a vitória. Contudo, este procedimento também estava ligado à perspectiva de como se refletia sobre a guerra, a partir do pensamento elaborado pela sociedade a que o exército pertencia. Nesse sentido, as questões culturais estavam presentes nas ações bélicas realizadas no campo de batalha, mesmo depois do choque combativo nos conflitos. As reformas executadas nas estruturações das forças de combate demonstravam um aperfeiçoamento na especialidade de lutar, do mesmo modo, de perceber toda a conjuntura exposta no confronto armado e adaptarem-se às situações contrárias, impostas muitas vezes inesperadamente, necessitando de um contra-ataque imediato. Nesse sentido, podemos perceber todo esse processo militar na Segunda Guerra Púnica (218-201 a.C.), na qual estavam em choque duas potências de grande influência da época. De um lado, se encontrava a cidade de Cartago, do outro, Roma. Após vinte e três anos de paz entre as duas forças, desde o fim da Primeira Guerra Púnica (264-241 a.C.), as batalhas voltaram a ser o centro das preocupações do cotidiano. Este conflito exigiu das duas rivais modificações estruturais na forma de entendimento de combate, levando ambas as partes a moldarem-se desde situações desfavoráveis e incomuns aos padrões praticados na época.