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Nos Ponteiros Do Tempo

Nos Ponteiros Do Tempo

Sinopse

Surpresas em versos Este livro não se perde em palavras, e nem as amontoa: Cintia Pruess as escolhe com cuidado, pendura-as em cabides e as dispõe em mostruário de bom gosto e surpresas. Em versos curtos, leva o leitor a, automaticamente, criar um ritmo de leitura (é difícil ceder à tentação de lêlos em voz alta) enquanto desvenda os tantos significados que sustentam a poesia. Cintia tem a coragem de desnudar-se de dentro para fora e, ao fazêlo desnuda também as palavras. Assim, surgem surpresas, como nestes breves versos: "...mas dentro/ das minhas próprias escuridões/eu beijo/tua luz de neon." Ou nesta confissão: "Houve um tempo/em que eu te esperava/com a vaidade/dos tolos." Permito-me sugerir ao leitor que, ao ler os poemas de Cintia, simplesmente navegue em sua beleza, sem demasiada preocupação em entendê-los, pois sabemos que a alma, antes de desvendar significados, gosta de vestir-se com o que é belo. E tem mais: há quase sempre um ou dois versos ― às vezes apenas uma ou duas palavras ― ao final de cada poema, que ficam atrás da cortina, a espreitar quem folheia as páginas para, de uma vez, descortinar-se e explicar o que se passou. Lá, no pé do poema, de repente, lê-se: "Huitzilopochtli". Em outro: "Pilatos em toda a multidão". "Louco como Zaratustra" fecha alguns versos. Para livrar-se das maquiagens que somos obrigados a carregar, a solução vem lá no final: "Demaquilante". Mário Quintana deixou escrito: "A imaginação é a memória que enlouqueceu." Embarquemos nessa necessária loucura que Cintia nos oferece. Donald Malschitzky