Na primeira parte deste livro, o que Luciano Fortunato nos mostra é um texto escrito em versos, não para serem poesia – apesar do título provavelmente irônico de Poema Descritivo, dado ao principal versado –, mas, sim, para suprirem sua insistente necessidade de ter folhas de papel impressas com seus pensamentos, como uma forma de pensar em voz alta, como terapia, talvez como tentativa de catarse pela (desculpem a palavra) literatura. É texto pra ler no banheiro, no ponto de ônibus, no mato, ler pra falar mal, não ler... O formato em versos pode ser sintoma de preguiça, como o autor acaba confessando a certa altura. Ciente das limitações do escrito, ele busca ainda crer na força expressiva da palavra icônica, usando-a quase o tempo todo como seu potencial instrumento de comunicação, como código Morse, como garrafa ao mar, como sinal de fumaça. A segunda parte, que se apresenta logo após Poema Descritivo, é um resumo dos textos publicados pelo autor em alguns sites literários e redes sociais, nos dois primeiros terços do ano de 2013. Com versos bem diretos e diálogo simples e informal o escritor segue sua saga, em busca de entender o mundo, as pessoas e si próprio. O texto de Luciano parece sincero. Deve ser. (P.G.)