Diante do fenômeno Clube da luta, o livro investiga no romance a dinâmica da contestação e da conformação, bem como a dos imaginários que engendram tal conflito. A análise parte da ideia de comunidade, desdobrada em imunidade, seguida pela de utopia, atravessada em distopia, e da violência, articulada em exploração. Assim, o livro percorre com a narrativa a saga do narrador protagonista no sentido da imunidade, sendo as tensões entre comunidade e sociedade promovidas pelas rupturas na vida do personagem; no sentido da distopia, quando as mudanças de espaço na narrativa parecem carregar sempre o mesmo lugar onde habita o personagem; e no sentido da exploração, sendo que toda violência espetacular estava a serviço da violência do real do capital, o lucro. Os principais pensadores mobilizados para tal leitura são Jean-Luc Nancy, Giorgio Agamben e Roberto Esposito acerca dos comunitarismos; e também Slavoj Žižek, Alain Badiou e João Bernardo no sentido da questão do real da exploração, a violência. O encadeamento entre os três eixos do livro se dá com o pensamento do filósofo Vladimir Safatle, em torno da economia libidinal dos afetos da revolta e da submissão. Com tal recorte temático e teórico, os enunciados rebeldes do narrador protagonista e seu duplo Tyler Durden passam a ser entendidos não apenas como críticas radicais ao establishment, mas especialmente como modalidades de anomia administrada pelas novas configurações estético-políticas do poder pós-1968.