Nosso novo trabalho, agora intitulado definitivamente de NÔMADE: ensaios, resenhas, entrevistas e versos (2008), editado pelo autor, teve tiragem inicial de 50 exemplares, já distribuída, e recebe sucessivas uma vez esgotados os exemplares, tratando-se de um livrinho para ampla divulgação. Assim como LEITURAS E ANDANÇAS (2004) e A ALMA DOS BAIRROS (2007), NÔMADE é uma miscelânea que agrupa textos de vários gêneros, como vem sendo freqüente conosco. Sentimo-nos no dever de escrever sobre a trajetória da Associação dos Artistas de Contagem, instituição que vigorou entre 2001 e 2004, e cuja existência estava sendo totalmente esquecida. Como havia outros textos para serem publicados, consideramos melhor reunir tudo em livro. NÔMADE é composto de ensaios – o historiográfico sobre a AAC e três ensaios literários, duas resenhas de livros, e oito poe¬mas inéditos. Nesta edição definitiva, suprimimos o ensaio "Uma mensagem de redenção", uma vez que reimprimimos A ALMA DOS BAIRROS (em 2012), onde há o referido ensaio. Desde a segunda edição deste, incluímos "Impressões gerais de Desencontros Grafados", que trata do romance-trilogia de Leonardo de Magalhaens. No livro, aparecem poemas antigos, porém inéditos, "Antes da revolução" e "Depois da revolução", e poemas mais recentes, como "Sem inspiração", "Frenesi sem sentido", "Minha geração", "O Bar do Pianista". O título é sugestão do amigo Sidney e, por sua vez, remete à canção "Castelos de areia", de Vicente Celestino, cujo cancioneiro Sidney me aplicou: "(...) Nômade que sou, choro os prantos meus Nascem d'alma num protesto a Deus Ai, essa saudade da minha mocidade Vai se estiolando oh! Senhor! Já que não há esperança Tirai-me da lembrança A história desse amor (...)" O título também não deixa de ser uma referência a fase do autor, em processo de formação e auto-análise, transitando entre vários territórios e resistindo à especialização, afeito ainda ao ensaísmo, numa tentativa, um tanto quanto frustrada, de conciliar saber e sabor, como aconselhava Rolland Bar¬thes, de quem fomos leitor diletante à época do primeiro contato; 'nômade' então faz referência ao trânsito empreendido pelo autor entre vários domínios – não necessariamente de forma feliz, tanto entre 'especializações' (das letras às ciências sociais), como dentro de uma mesma 'especialização' (da poesia à crítica literária), numa recusa inconsciente (ou consciente) do homem especialista e saudosista da idéia/necessidade do homem total, presente nos debates socialistas (velhos e sempre atuais), do novo homem; o título do livro também faz referência à prática – sabida entre os meus – de flanar do autor, refreada com os anos. Tais expedições de "garimpeiro", como já designado, até geraram algum resultado, como queremos acreditar que provam nossos trabalhos. Para o autor, tal nomadismo trata-se de uma forma solitária, amadora e encantada de pesquisa.