Convidada a escrever a biografia de Hilda Hilst — autora que marcou sua trajetória e imaginário —, uma escritora se vê diante de uma tarefa impossível. Pressionada pela responsabilidade de narrar a vida de um mito literário, ela entra em colapso, abandona a família e se refugia na Casa do Sol, antiga morada de Hilda em Campinas, hoje sede do Instituto que preserva sua obra.

Entre manuscritos, cães e o silêncio monástico da casa, a escritora tenta reencontrar o próprio eixo. Aos poucos, o lugar se transforma num espelho de sua inquietação: ali, enquanto revisita os livros que inspiraram Hilda — "Carta ao Grego", "A negação da morte", "A decadência do Ocidente" —, ela reexamina a criatividade, a fé, o amor e o sentido da escrita.

O que nasce desse mergulho é um livro muito diferente do que o editor esperava — um gesto de resistência e devoção, fundado no amor dos leitores que Hilda dizia não ter. Nos vemos em Marduk é um romance sobre o poder da literatura de atravessar a morte, sobre o encontro entre duas escritoras ligadas pela palavra e pela busca de permanência.