Ler "No poético sentir dos corpos" é empreender uma viagem cheia de mistérios onde o corpo e a poesia, fazem parte da mesma anatomia. A autora tenta desvendar esses mistérios palmilhando os meandros do sentir em quatro capítulos de Poemas devastadores e Aldravias desconcertantes. Acho que ela não conseguiu, pois o mistério do sentir permanece: "Se pretendeis querer-me assim fazei vós com que eu seja feliz, de corpo e alma, sem restrições; E na sua busca desesperada ela sente na pele "Beija-me a pele quente, um beijo deslizando por ela, toca-me a pele (rosada pela emoção), pelo desejo, pelo querer"; na boca, "Quero em minha boca a vertigem dos teus lábios"; nos olhos, "Abranda os meus olhos, olhos tempestuosos"; nas mãos, "São pássaros são dedos são minhas mãos estendidas aos céus; Desimpressiona-se com o movimento da voz em noites insones: "Acordo em meio às noites sentindo do vento açoites a ouvir vossa voz". E usando a segunda pessoa do plural torna-se submissa ao senhor dos estímulos: "Como se tocar com suavidade um vulcão? Como se acalma uma fúria? Como se grita no silêncio? Como se toca a paixão? Como se enlouquece deslumbrantemente perdida no desejo?". A leitura continuada nesta avalanche de sensualidade imerge o leitor na poética do sentir. Sem graça seria se ela conseguisse desvendar os mistérios que ela criou, porque assim ela destruiria o fascínio do poético sentir dos corpos. O redemoinho dos sentires e espasmos das páginas impregnadas de sensações nos ensinam a arte do poder de um sussurro, o poder de uma dança, o poder de um olhar, o poder da carícia, que é sentida quando se toca "a pele ondulante", o poder de um toque, pois o "corpo" ávido de desejo é para ser desbravado em toques que faz arrepiar a pele, faz o corpo ferver... explodir", e no auge do sentir faz-se pausa implora e suplica: "Cobre-me de brisa". Reinadi Sampaio conseguiu escrever um poema para cada imagem–corpo. Ela disse e pintou com palavras o corpo que provoca emoções. E se tudo isso não bastasse para aguçar a curiosidade do leitor, lá no finalzinho do livro estariam os poemas da "Trilogia dos Devaneios Corpóreos", que valem um livro. (Hermes Peixoto).