"Tião vira a moça pela primeira vez fazia mais de um mês, quase dois, quando fora contratado para podar as laranjeiras plantadas no fundo do quintal da mansão judia da Três Rios e topara com ela perto do forno para o qual estava levando para assar os pães para o próximo shabat. Três olhadelas maliciosas e pronto: o fogo da espada do guardião do Paraíso se iluminou e não houve outro jeito senão se lascarem no meio daquela noite no galpão do quintal, no chão debaixo da mesa onde estavam sendo laceados os sapatos da família para seu casamento... Ora, o casamento, na cabeça de Sarah, era muito fácil de resolver: comunicava ao pai Moshe e ao noivo Efraim que não ia mais haver casamento e pronto... E ela se casava com o Tião do Ó e pronto... Casavam assim de se pegarem vez em quando, sem papel nenhum, que nenhum dos dois queria repetir nem a proximidade cotidiana do matrimônio Schwartz nem a distância incomodada do casal das Neves. Era bastante moderninha e ousada e espevitada a Sarah da loja de tecidos do Seu Moshe Schwartz."