Martino, negro, casado, pai de um belo menino de nome Pedro, nasceu numa família pobre de nordestinos, que migraram para São Paulo na década de 60. Foi fruto de uma tragédia que marcou sua vida ainda pequeno, pois o pai foi uma das vítimas do grande incêndio causado pelo vazamento de gasolina na Vila Socó, em Cubatão.
Crescendo sem a presença do pai, Martino se transforma num homem com um grande vazio dentro de si, vazio que alega ser pela falta de Deus, por isso, experimenta algumas das muitas religiões existentes do país, na busca quase que desesperada por algum sentido que ocupe o lugar do pai ou do divino. E nessa procura, descobre o islamismo e se converte. Rapidamente, orar cinco vezes ao longo do dia voltado em direção à Meca cai como uma luva na vida do rapaz, trazendo paz interior e serenidade. Mas essa sensação não demora a ser abalada pela mulher que se sente em segundo plano dentro da própria casa, acusando-o de ser um muçulmano fanático.
Tentando equilibrar a religião com a mão direita, e o papel de esposo e pai com a esquerda, sua vida vira de ponta-cabeça quando a mulher, acidentalmente, descobre no notebook uma suposta ligação do marido com o perigoso grupo terrorista Estado Islâmico. Sem esperar do marido qualquer explicação, a esposa sai de casa carregando o filho e, através do advogado, exige o divórcio.
Com a perda da mulher e da guarda do filho, o rapaz mergulha de cabeça nos meandros da religião. Nessa caminhada, Martino se envolve com um padre reformista e com uma célula nazista sediada em Curitiba. Sua vida toma rumos inesperados, até o final surpreendente, como o impressionante nevar em Curitiba.