Os tempos são outros e ainda muitos não se deram conta disso, vivemos dias de revisionismos não só histórico, social, político, ético, científico, mas, acima de tudo e em última análise, humano. Revisionismo não deve ser entendido aqui de forma pejorativa, mas como forma evolutiva de valores, comportamentos e difusão ampla de conhecimentos antes restritos de forma intencional. As credenciais do pensador são o argumento, conhecimento e a dúvida sobre suas "certezas", questionando-se e se reciclando quando necessário. O pensador talvez seja alguém que tenha coragem pra questionar algo que ninguém, ou quase ninguém, tem. A sacralidade encrustada em alguns nomes consagrados não é mais terra insuperável e inquestionável. Não aceitamos, enquanto sociedade contemporânea, "verdades" já superadas mesmo criadas ou propagadas por grandes nomes do pensamento sem que a entendamos e a validemos segundo o senso de "verdade" também do nosso tempo (pelo menos em relação ao que ainda vigora como referência pros dias atuais). É óbvio que não estamos afirmando que as obras altamente complexas e valiosas dos grandes pensadores nada valem, mas que, pontualmente, algumas convicções não refletem mais aquilo que nós consideramos no momento como ideia vigente. Considere, por exemplo, a teoria do valor/trabalho afirmada por Karl Marx no século XIX, essa teoria vingou como a mais alta expressão de "verdade" como um rótulo do saber por algum tempo. Ocorre que, assim como acontece nos dias atuais, tudo aquilo que não se conhece há uma tendência a aceitar como "verdade", isso ocorria naquela época também. Ora, se não tem algo melhor pra oferecer, contente-se com o que se tem como discurso vigente.