"Eu me tornei eu mesma. Uma mulher que olha / pra uma mulher e diz: aqui eu te encontrei" - Dionne Brand
No cruzamento de geografias e tempos, culturas e línguas, entre a violência colonial e a descoberta do amor, Dionne Brand faz da sua poesia um campo para elaborar uma narrativa própria de mulher negra e diaspórica, e novas maneiras de estar no mundo.
"Em Nenhuma língua é neutra, a poeta Dionne Brand, nascida em Trinidad e Tobago e radicada no Canadá, nos move a ouvir o "arrastar de correntes e gongo de cobre" e os "falsetes de chicote" no sotaque da ilha caribenha, cuja gramática é composta por uma violência colonial incontornável. Porém, se a violência constitui a língua, é por meio da poesia que Brand pode criar um lugar de autodescoberta baseada numa interlocução amorosa e ética com mulheres negras, insinuando outras formas de habitar o mundo" - Fernanda Silva e Sousa, texto de orelha
"Este é um livro em que Dionne Brand homenageia, em específico, as mulheres que constroem tantas diásporas como possíveis, como reais, mesmo sendo invisibilizadas em meio a tantas narrativas [...]. Brand faz poemas para sua avó, para a mãe que a abandonou, para as mulheres negras responsáveis por lutas de libertação no Caribe, ex-escravizadas desafiando a necronologia colonial, para a lesbiandade, e para Yemanjá, ainda que não chamada por esse nome" - tatiana nascimento, posfácio
"Eu me tornei eu mesma. Uma mulher que olha
pra uma mulher e diz: aqui eu te encontrei,
assim estou empretecendo do meu jeito. Você me mostrou o
mundo inteiro. Foi como se outra vida explodisse na minha
cara, iluminando tão facilmente a ponta de uma asa
que toca a rebentação, tão facilmente que eu vi meu próprio corpo, ou
seja, meus olhos me seguiram a mim mesma, me tocaram
como um lugar, outra vida, terra. Dizem que esse lugar
não existe, então, minha língua é mística. Eu já estive
aqui."
- Dionne Brand