Quando eu decidi escrever memórias de minha infância, nunca pensei que seria tão nostálgico. Mas, foi muito prazeroso também se lembrar daqueles meninos sapecas da Araripa, dos banhos dos rios Caraná, Marialva e, já na adolescência, na Água Itajaí. Como foi bom ter passado a infância na Araripa e agora ter o privilégio de relembrar daquele mundo de minha infância, das brincadeiras de bétia, do futebol, das pescarias, das caçadas de estilingues, das histórias horripilantes da tia Januária, dos doces de minha mãe, e das surras pelas artes que fazia. Na época, tudo parecia simples, embora os tempos fossem difíceis pelo trabalho nas lavouras de café, sempre castigadas pelo preço de mercado ruim e pelas geadas. Contudo, ainda criança eu enfrentava os escorpiões, as aranhas e as formigas na limpeza dos troncos sob as saias dos cafezais no período de colheita. Apesar de aprender a trabalhar desde que me conheci por gente, como na infância tudo pode parecer maravilhoso. Enfim, conto a saudade de um mundo que não existe mais, apenas nas boas e saudáveis lembranças.