A crônica, enquanto estilo literário, consiste na apreciação pessoal de fatos da vida cotidiana. É exatamente o que faz a autora de "Nem cachorras, nem princesas: crônicas ácidas e íntimas de mulheres". Com uma boa dose de perspicácia, ironia, humor e fortes argumentos, Paula Brandão escreve sobre muitas coisas, dentre elas: mulheres, casamento, sexo, melancolia, relacionamento, inveja, liberdade, maternidade, machismo e feminismos. Não necessariamente nesta ordem. Nas entrelinhas, desnuda o patriarcalismo, o racismo e o sexismo, ainda profundamente presentes onde não houve a ruptura com as relações coloniais de poder. Assim, sugere resistência a tudo que explore e oprime. Compromete-se com o feminismo livre, ao mesmo tempo em que condena a concepção universalista de ser mulher. Censura a barbárie capitalista que a tudo transforma em mercadoria: trabalho, desejos, talentos, corpos, crenças e amores. Enfim, diz às mulheres que se sentem desconfortáveis que sigam em frente, pois elas podem mudar o mundo. Particularizando, afirma que, para si, ser feminista não é falar sobre suas feridas, mas das nossas. Mergulhem na leitura, a vontade é ler tudo de um fôlego só.