Houve um Homero, autor da Ilíada e da Odisseia? Esta é uma pergunta ainda sem resposta. Melhor dizendo, trata-se de uma pergunta que provavelmente nunca terá uma resposta definitiva. Os estudiosos no assunto sugerem que muito do que está escrito nas duas obras tenha sido baseado em histórias anteriores à chegada da escrita. Segundo os arqueólogos, a Guerra de Troia, por exemplo, pode ter ocorrido cerca de doze séculos antes de Cristo. E a Ilíada e a Odisseia teriam sido escritas entre os séculos VII e VIII a.C. Muitos especialistas afirmam que a Ilíada deva ser anterior à Odisseia, talvez cerca de um século. O conteúdo das duas obras foi provavelmente transmitido pela canto dos aedos e dos rapsodos e, posteriormente, algum poeta – um grupo de poetas ou mesmo uma escola de poetas – organizou esses versos sob a forma de livros: a Ilíada e a Odisseia. De modo que o nome Homero é muito mais um símbolo que povoa o nosso imaginário do que um escritor propriamente dito. O certo é que a linguagem utilizada nas obras incorpora vários dialetos de tempos distintos, até anteriores aos gregos, mas com uma predominância jônica. Sobre a Odisseia, sem dúvida a mais importante das epopeias dos mares na história da literatura ocidental, houve até quem dissesse que ela foi escrita por um médico. Outros, como o escritor e crítico literário Samuel Butler, foram adiante e defenderam que a Odisseia teria sido escrita por uma mulher. A verdade é que a autoria pouco importa. Estas duas obras – a Ilíada e a Odisseia – marcam o começo de nossa "odisseia" literária e as suas marcas podem ser vistas em muitas obras que vieram depois, como a Eneida, de Virgílio, ou Os Lusíadas, de Camões. Há especialistas que afirmam que Homero foi insuperável como escritor, pela genialidade de seus versos, pela riqueza de suas metáforas e pela incrível diversidade de seus personagens. Cada batalha da Ilíada é única e as descrições dos seus combates são de uma riqueza impressionante. Na Odisseia, por sua vez, as aventuras de Odisseu – Ulisses, para os romanos – não encontram equivalente em nenhuma das epopeias já descritas. Talvez, para alguns, inventividade semelhante possa ser vista somente nas histórias das Mil e Uma Noites. Portanto, é fácil para o leitor entender a razão pela qual muitos autores não só na literatura, mas em outras expressões artísticas, têm utilizado a Ilíada e a Odisseia como fontes de inspiração para as suas criações. Na peça teatral Nausícaa, o autor não fez diferente.