Em 'Naufrágios', três narradores percorrem a história, as ruas e a tragédia ambiental do antigo balneário fluminense de Atafona, no norte do estado do Rio de Janeiro. Os relatos dos protagonistas oscilam entre o ritmo silencioso e tempestuoso das ondas que devoram, a cada ano, cerca de três metros de suas margens. Diego Kullman apresenta uma cidade misteriosa de elementos quase mágicos, percorrendo momentos cronológicos diferentes, nos quais seus habitantes se entregam de forma simbiótica a um destino conformado e dissimulado de naufrágio(s). Se em 'As esquecidas ermâncias de Destino' o autor estreou com uma narrativa poética capaz de fazer um rebuliço nos sentidos, suas palavras em 'Naufrágios' também se revelam como "rabiscos de inventariar mundos", tornando o leitor livre para navegar em sentidos próprios. Neste novo livro igualmente sedutor de Diego Kullmann, prefaciado por Marcelo Moraes Caetano, as três histórias trespassam as inundações da cidade e mergulham nos universos particulares de seus personagens, que se confundem com os gritos mudos de um lugar de feridas abertas, sem socorro que as estanque, num espaço-tempo paralelo ao da realidade do leitor.