Adotei os autores como referência em minhas aulas e seminários no Programa de Pós-graduação em Comunicação da UnB. Convenci meus alunos a estudarem francês para ler os autores no original. Em seguida, exigi mais. Passamos a traduzir os principais capítulos para discussão em aula. A sorte é que havia, pelo menos, seis francófonos na sala que se lançaram na tradução dos autores para uso didático restrito. Como não eram tradutores profissionais nem exímios conhecedores da língua de Molière, esbarrávamos, de vez em quando em, estruturas gramaticais excessivamente complexas para amadores. A solução foi ler aos poucos, aprimorar, cotejar traduções com originais e seguir adiante. Até conseguirmos recursos para remunerar um tradutor profissional

e encontrar uma editora que aceitasse publicar o livro em português.”

Zélia Leal Adghirni

Este é o terceiro volume da Série Jornalismo e Sociedade, uma das linhas de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação da Universidade de Brasília. A obra de Jean Charron e Jean de Bonville, Nature et Transformations du Journalisme, agora traduzida e publicada em português, como ressalvam os organizadores deste livro Zélia Leal Adghirni e Fábio Henrique Pereira, com a colaboração de Dione Oliveira Moura, é uma preciosidade bibliográfica e uma das mais importantes contribuições para os estudos de jornalismo na época contemporânea. Com ela passou-se a compreender e debater as mudanças estruturais no jornalismo e a falar-se em jornalismo de comunicação, em hiperconcorrência dos meios, tipologias históricas das práticas jornalísticas e muitos outros conceitos. As quatro fases do jornalismo – de transmissão, de opinião, de informação e de comunicação – singularmente apresentadas por Charron e Bonville, oferecem aos leitores uma original interpretação da natureza e das transformações na comunicação midiática atual.

Com textos fundamentais para os cursos de graduação e pós-graduação, esta obra foi organizada em oito capítulos, permitindo uma ampla reflexão sobre o tema das mudanças do jornalismo e de discussão, questionamento e reinterpretação do conceito de paradigma. Partindo da noção de paradigma para examinar aspectos teóricos e empíricos do jornalismo, os autores adentram à natureza a às transformações que vêm se processando ao longo do tempo. Uma leitura que permite compreender como certas variáveis “estruturais” podem explicar as práticas emergentes, as mudanças paradigmáticas e o discurso sobre a “crise” e o “fim” do jornalismo e a construção por Jean Charron e Jean de Bonville de um quadro teórico mais amplo, “que se inspira tanto na história cultural quanto na teoria sociológica, tanto nas ciências da linguagem quanto nas ciências cognitivas, tanto na sociologia do jornalismo quanto na economia dos bens culturais, e cujo objetivo é lançar as bases sobre as mutações do jornalismo”."