Nas curvas do tempo, cobriram-na com vários quadros de santos, envidraçados, e sapatearam em cima dela, num ritual de exorcismo. Foi assim que a minha alma infantil teve o primeiro contato com a loucura e assistiu a essa realidade dura da existência humana.
Nas curvas do tempo, dona Maria Cipriano, em silêncio profundo, ficou ali parada, sem nenhuma revolta em seus olhos cansados, talvez acreditando que aquele tenha sido o destino que Deus traçara para o seu filho.
Aquela cena triste moldou, em minha alma infantil, algo intangível, mas, com certeza, ajudou-me a olhar o mundo com mais ternura.
E foi assim que o Pepê virou luz...
Nas curvas do tempo, quando o Sol se punha por detrás do prédio da Usina São José e as sombras da noite cobriam nossa casa, recolhia-me, como fazem os animais na natureza, para sonhar como seria o hoje.
O tempo passou! Saudades, saudades...