No presente livro, o leitor tem acesso a uma pesquisa sobre as figurações de narrador e de leitor na obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, a partir de aspectos históricos e sociológicos e levando em consideração o sistema literário do Oitocentos, que estava em formação no Brasil. Destaca-se na construção das memórias póstumas a maneira como o narrador justifica e desenvolve suas narrativas, sempre tomando um hipotético leitor como interlocutor ou receptor imediato das suas peripécias retóricas, leitor esse sempre estigmatizado, desafiado, provocado em suas condições de leitura, seus horizontes de expectativas, suas reações e seus limites. Discutem-se, nesse contexto, as possíveis relações entre as figurações do leitor ficcional projetado no romance de Machado de Assis e o público leitor do século XIX, salientando-se, ainda, as estratégias do narrador e sua forma de apropriação do leitor no jogo ficcional para a construção do sentido da obra.
Os leitores de Memórias Póstumas têm que se manter sempre atentos para acompanhar o movimento de produção de sentido desse texto, marcado por ironias e deslocamentos de padrões culturais e sociais do Oitocentos brasileiro.
Como suporte teórico, a autora vale-se de teorias que abordam a recepção do texto literário e o leitor, como as de Robert Jauss, Wolfgang Iser, Wayne Booth, Roland Barthes e Luiz Costa
Lima, dentre outros autores.