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"na Solidão Do Meu Capacete...a Viagem"

Sinopse

NA SOLIDÃO DO MEU CAPACETE... A VIAGEM. Arrumo a bagagem, faço uma breve oração pedindo proteção ao Pai Divino, antes de ligar o motor converso com a minha moto, trato-a como um cavalo manso e dócil, e peço-lhe que me leve longe, muito longe... Na garupa leve do vento macio, sempre no mesmo passo, como um sonho bom. Ligo o motor, um ronco suave e ritmado, me remete á pensamentos mais íntimos, e permaneço ali por alguns instantes imerso em minhas lembranças e devaneios, Afivelo o capacete, acelero a moto e pego a estrada. É sempre bom descobrir novos ares, sair do lugar comum, ou simplesmente rever lugares que já conhecemos abraçar velhos amigos que há tempos não vemos, e fazer novos amigos sem distinções, deixando pelos caminhos amigos sorrisos e valores e trazendo comigo também, amizades, sorrisos e valores, talvez resgatados em uma memória esquecida pelo próprio tempo, e para quem acha que cada viagem é única e se torna inusitada, concordo plenamente, é muito bom partir para uma longa viagem, porém, é melhor ainda, retornar ao seio do lar , dos nossos familiares e amigos e da nossa bela cidade de Primavera do Leste, trazendo na bagagem novas experiências, novos sentimentos, novos amigos, novos amores e muitas saudades. Viajar, percorrer muitas estradas, voltar para casa, e olhar tudo novamente com se fosse pela primeira vez. Uma longa viagem pode mudar a cabeça da gente, e muda. Adquirimos com ela várias experiências, muitas delas sensoriais, outras apenas no silêncio dos pensamentos perdidos, alheio a quase tudo, pilotando a moto sozinho, ali na solidão do meu capacete vou mentalizando e escrevendo meu livro, já envolvido antecipadamente pela atmosfera do inusitado, do imaginário, do novo e da mudança. Vou fazendo uma reforma intima em meus pensamentos, buscando o porquê de tantos erros e acertos, de tantas idas e vindas, tantos relacionamentos desfeitos, tantos amores que se foram tantos porquês... Uma longa viagem rumo ao desconhecido, alcança lugares muito mais remotos que um imaginável continente longínquo, fazer uma longa viagem é antes de mais nada, fazer uma jornada para dentro de nós mesmos, visitando o nosso próprio ego. Uma longa viagem não requer na bagagem, apenas produtos de higiene, comida ou vestimentas, mas sim um espírito forte, determinado e necessitado, buscando algo mais para a sua realização plena, e quem sabe descompromissado e cheio de expectativas quanto a tudo o que vive fora da sua vida habitual e do seu cotidiano, além de ensinamentos que consegue reconhecer nas pequenas coisas, como o aroma exalado por uma flor exótica, adormecida pelos raios de um pôr do sol mental, a remexer todos os cantos possíveis da alma sonhadora do viajante... Uma paisagem paradisíaca, única talvez... Uma noite de luar, onde somente a lua é a nossa companhia constante... O frescor do vento acariciando o rosto, e purificando a alma do viajante por completo... Um sabor inigualável de uma especiaria rara, experimentada em algum lugar distante... Uma vida que parece passar rapidamente no movimento daquele que vai... O som suave da saudade simples, serena e sincera, abafada apenas pelo ronco do valente motor da motocicleta, mesmo diante da explosão de vontade nessa busca desmedida de quem trilha um caminho solitário... Quem viaja sente tudo tão perfeito e experimenta a grandeza de poder questionar: O que busco? O que faço quando encontrar? E se não encontrar? A poesia presente na vida fica mais clara, a presença de Deus fica mais forte e marcante, o universo nos envolve por completo, a liberdade abre suas asas sobre nós, o cuidado e o carinho com as pessoas ganha um novo significado, ficamos mais emotivos, a consciência dos erros e dos acertos também aflora na alma.