Nos primeiros meses de 2020 fomos atropelados pela pandemia do vírus COVID-19. Parte da população se trancou em quarentena, e até o momento vivenciamos as incertezas do futuro sem vacina e sem reduções da epidemia no Brasil. A crise, ampliada sobremaneira pela pandemia, se agrava pelo país. Esse novo contexto exemplifica as questões que vivenciamos no país sob a falsa premissa da neutralidade de gênero. As relações entre homens e mulheres são extremamente desiguais. A maior parte das pessoas envolvidas com tarefas de cuidado são mulheres, que em geral se responsabilizam pelo acompanhamento dos filhos que estão afastados de creches e escolas, as tarefas domésticas e o cuidado dos idosos e dos doentes. Além disso, os casos denunciados de violência doméstica aumentaram muito durante o período de isolamento. Entre as mulheres também existem relações desiguais. É preciso estar atenta ao fato de que nem todas puderam se recolher às suas residências. Muitas mulheres continuam trabalhando como empregadas domésticas durante o período, ou como faxineiras, sem condições de seguir as orientações para a prevenção do contágio.Desse modo, destacamos aqui a essencialidade de trabalhar com o feminismo e suas vertentes, sempre atentas às interseccionalidade que perpassam a temática. Com esse olhar, temos os artigos “Mulheres negras e o genocídio negro brasileiro: entre violências e resistências(in)visibilizadas”, que busca analisar as violências, sobretudo racistas e patriarcais, que atravessam as vivências das mulheres negras e como elas enfrentam o Estado genocida antinegro; “Processos de subjetivação de mulheres negras em situação de rua: perspectivas interseccionais e antirracistas”, com o fim de promover a desconstrução do contexto universalizante da categoria mulher que incide em diversas opressões sobre aquelas que estão alijadas de espaços hegemônicos na sociedade; e “Mulheres indígenas: entrelaçamentos entre violência de gênero, etnicidades e empoderamento para a construção de uma cidadania decolonial” que busca, por meio de uma metodologia etnológica, discorres sobre os inter-relacionamentos entre gênero e a questão étnico-racial e têm como fundamento base, a liberdade e a cidadania decolonial.O livro conta ainda com artigos sobre a construção de discursos contra os direitos humanos no Brasil, especialmente os direitos humanos das mulheres, o papel da mulher na democracia e a importância da participação na política, atuação da biopolítica e do biopoder sobre os corpos femininos e sobre a importância da produção de conhecimento a partir de uma epistemologia feminista.Autoras e autores: Vivane Martins Cunha, Lisandra Espíndula Moreira, Ana Luísa Coelho Moreira, Isabella de Araújo Bettoni, Ricardo Damasceno Moura, Carolina Machado dos Santos, Bruna Camilo de Souza Lima e Silva, Carla Beatriz Rosário dos Santos, Grécia Mara Borges da Silva, Josiene Aparecida de Souza, Damires Rinarlly Oliveira Pinto, Leonardo Custódio da Silva Júnior, Ana Luísa Machado de Castro, Vanessa de Vasconcellos Lemgruber França, Ariadne Araújo Cerqueira Borges, Lili Castro, Laura Mendonça Chaveiro, Thayse Edith Coimbra Sampaio, Marina Almeida Morais