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Mulheres E Povos Rumo Ao Bem-viver

Mulheres E Povos Rumo Ao Bem-viver

Sinopse

Wayrakuna somos nós, um movimento de indígenas mulheres, que teve sua origem desde antes da primeira caravela que atravessou os oceanos e atracou neste território apelidado de Brasil. Nasceu da resistência de insurgentes guerreiras originárias, insubmissas ao sistema colonial violentamente posto, e que tem se refletido na contemporaneidade. Wayrakuna, filhas da ventania no idioma Aimara, é isso, a continuidade da luta de nossas antepassadas, é a insurreição da ordem que por séculos tenta nos invisibilizar e nos silenciar. A continuidade da luta de nossas ancestrais, se dá através de nós, que somos pensadoras de nosso tempo, indígenas mulheres da atualidade que se empoderam de conceitos e lutas para atualizar a luta ancestral, configurando-a no espaço/tempo atual como sujeitos contemporâneos que somos, porém, com raízes e memórias antigas. Temos como aporte teórico-filosófico as contribuições do feminismo, especialmente do feminismo decolonial, do ecofeminismo e do feminismo comunitário. Sendo assim o Movimento Plurinacional Wayrakuna (MPW) - Rede Ancestral Artístico-Filosófica de Indígenas Mulheres - tem como base as estratégias de atuação ligadas à ancestralidade de cada integrante, somada aos preceitos de tais aportes. Na presente pesquisa realizada por Bárbara Flores Borum-Kren, uma das membras fundadoras do MPW foram considerados os aportes teóricos do movimento ecofeminista sustentando que a proteção ambiental deve constituir parte essencial do movimento feminista. A pesquisa teve como foco a análise da organização e dinâmica de comunidades indígenas e comunidades intencionais ecológicas por meio de indicadores de sustentabilidade ambiental nas dimensões social, econômica e ecológica. Partiu-se do pressuposto de que os princípios do ecofeminismo possuem relação com a conservação ambiental local. Os resultados confirmaram, em grande parte, os pressupostos da pesquisa, de que as comunidades pesquisadas, especialmente as indígenas apresentam alternativas de organização social de baixo impacto ambiental que estão altamente relacionadas com seus modos de vida que possuem práticas defendidas pelo ecofeminismo. As reflexões trazidas por este estudo empiricamente observado fortalecem a necessidade do reconhecimento da identidade local para que existam possibilidades de soluções em termos da relação entre sociedade e natureza para além das concepções ambientalistas que desconsideram as interações ecológicas de populações tradicionais que secularmente vêm desenvolvendo relações harmônicas de reciprocidade e complementariedade com vidas humanas ou não humanas, sejam elas montanhas, florestas, rios, onças, abelhas ou vidas encantadas que habitam os universos cosmogônicos indígenas.