A mobilidade urbana coloca-se como um dos grandes problemas de um mundo em crescimento exponencial da população das grandes cidades. Essa mobilidade, contudo, não se dá da mesma forma para todos os corpos que transitam ou tentam transitar a cidade, sendo a própria mobilidade um locus de reiteração de eixos de exclusão e estruturas de opressão das urbes contemporâneas. O Seminário Interdisciplinar MovimentAs – direito à mobilidade, discurso e gênero, realizado em março de 2019, buscou, no entrecruzamento dos pensamentos sobre mobilidade, gênero e direito à cidade, abrir um espaço para a discussão dos deslocamentos urbanos frente aos projetos excludentes de cidade. E articulando áreas diversas de conhecimento, debater sobre a construção física, jurídica e discursiva da mobilidade na cidade a partir de epistemologias criticamente situadas para propor a construção de um pensamento coletivo que ultrapasse as fronteiras aparentemente intransponíveis para outras cidades possíveis. Dentre suas diversas pautas, o feminismo busca repensar o espaço público para que corpos diversos possam se mover nele de modo igualitário. Sendo assim, mobilidades feministas contribuem para a desnaturalização das barreiras atuais que decorrem das desigualdades de gênero a fim de reimaginar os deslocamentos, sejam estes no meio urbano, sejam no atravessamento de fronteiras mais distantes. A centralidade dessa questão na contemporaneidade tem produzido um número crescente de movimentos sociais engajados na luta pela mobilidade, suscitando a questão de saber se sujeitas diversas encontram voz em meio a esses grupos e se suas práticas fomentam a construção de mobilidades mais libertárias. A partir do pressuposto de que tanto o gênero, como o espaço social são produções sociais, passíveis de mudanças, esta temática pretende reunir trabalhos preocupados com os movimentos sociais contemporâneos no contexto da mobilidade, bem como sua interseção com os estudos de gênero.