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Morfológicas: Um Estudo Etnológico de Padrões Socioterritoriais Entre os Kaingang (Jê) e os Mbya (Tupi-Guarani)

Morfológicas: Um Estudo Etnológico de Padrões Socioterritoriais Entre os Kaingang (Jê) e os Mbya (Tupi-Guarani)

Sinopse

As civilizações indígenas da América do Sul são desconhecidas de grande parte dos atuais habitantes deste continente por várias razões. Os processos coloniais, em diferentes ondas, promoveram (e promovem) epidemias, escravidão, migrações forçadas e esbulho dos territórios ancestrais. Certamente a hecatombe promovida pela invasão europeia tem relação com o desconhecimento sobre a extensão espacial e histórica das civilizações americanas, mas, em se tratando das terras baixas, acresce-se a isso morfologias sociais que, aos olhos de populações habituadas com reis, sacerdotes, presidentes e ministros, pareciam (e parecem) atomizadas. A absoluta originalidade das formas de organização política e de produção de territórios que esses povos desenvolveram ao longo de milênios, em suas próprias diferenças com relação às formas latinas, tornaram obscurecidas, subterrâneas, as relações que viabilizaram, por exemplo, que línguas indígenas fossem faladas em um território tão amplo a ponto de se tornarem línguas de uso geral dos colonizadores (língua geral amazônica/nheengatu e língua geral paulista). A ausência de imperadores ou reis se traduziu, para os servos da metrópole, em sinônimo de desorganização e atraso cultural. Essa miopia sociológica permite encontrar apenas "tribos" mesmo onde há padrões socioculturais explícitos de largo alcance geográfico e histórico. É como quem observasse as linhas em uma folha sem sequer conceber que a folha é parte de uma árvore que, por sua vez, compõe uma floresta. Morfológicas: etnologia de padrões socioterritoriais entre os Kaingang (Jê) e os Mbya (Tupi-Guarani) coloca o problema nos seguintes termos: considerando as fartas evidências arqueológicas, históricas e etnográficas relativas aos padrões morfológicos e territoriais Jê e Tupi-Guarani e os significativos contrastes entre si, como se constituem as relações (no tempo e no espaço) entre as diversas aldeias e povos de uma mesma família linguística? E, como povos, cujos territórios são limítrofes há milênios, permanecem produzindo padrões de organização sociopolítica e territoriais tão distintos? Na busca por essas respostas, foram mobilizados modelos de inspiração botânica.