Fazendo uma análise histórica dos processos de colonização imperialista, não é difícil perceber o quanto a dimensão de valores está na base de justificativas e legitimações para genocídios e lutas libertárias. Nossa tarefa aqui é explicitar as semelhanças e diferenças entre a ética e a moral nessas relações de poder. Mesmo porque, até os dias de hoje, quando encontramos teóricos nos mais diversos campos de estudo falando sobre a "ética do capitalismo", a "ética do colonizador", etc., nos perguntamos: se nesses sistemas geradores de exclusão, exploração e morte, encontramos uma ética, então qual seria a base conceitual desta, que é tão pleiteada e proclamada nos processos de luta pela libertação? Os valores justificadores do racismo, do machismo, da escravidão, poderiam ser chamados de éticos? Haveria uma ética para o explorador e outra para o explorado? Bastaria definir os valores norteadores da visão de mundo de um determinado grupo social e já estaríamos identificando sua ética?
Em um mundo ideologicamente construído que coloca o capital financeiro e o consumo como sinônimos de felicidade, que estimula o individualismo competitivo e o subjetivismo egoísta como se fizessem parte da natureza humana, ignorando a solidariedade e a responsabilidade para com a vida e a dignidade do outro, o debate sobre a ética tornou-se uma necessidade urgente.