Até hoje, a ideia de produzir moda tem se confundido com a “arte” de “fabricar"" artefatos de vestuário. A própria maneira como concebemos o perfil de egressos dos cursos de Moda e Design, os conteúdos programáticos e as competências deles decorrentes têm absoluta aderência à ideia da moda, sem prejuízo das dimensões simbólica ou sociológica que lhes são inerentes, como lugar de produção material. Competências da ordem da manufatura, tais como costura, desenho, modelagem, entre outras, por essa via, se integram, com algum nível de centralidade, ao conjunto geral das habilidades laborais percebidas como essenciais ao profissional do meio. Mas, em vista da realidade atual do capitalismo semiótico, que “desfaz” o vínculo entre produção, trabalho e valor, a moda ainda deve ser pensada como uma configuração particular das manufaturas? O presente livro tem por objetivo refletir sobre o lugar da moda em meio às novas características linguísticas da produção, do trabalho e do consumo imaterial nos nossos dias. O caminho que percorremos para esse fim foi o de trazermos aspectos inerentes à produção atual da moda, manifestados em especial pela marca Daspu, em diálogo com as noções filosóficas de multidão e regime estético de identificação
Guido Conrado