Em "Missa do Galo", o narrador lembra o período em que viveu como hóspede na casa de um escrivão. Ali também moravam a esposa do escrivão e a mãe dela, e a rotina da casa era marcada pelas ausências frequentes do marido, que costumava passar a noite fora com a amante. Essas saídas regulares criavam longos intervalos de convivência apenas entre o jovem narrador e as duas moradoras, moldando o ambiente silencioso da casa.
Entre essas noites, uma lhe ficou gravada: a madrugada da Missa do Galo. Ao se preparar para sair, ele encontra a esposa do escrivão ainda acordada, sentada na sala quase às escuras. A conversa que se segue é feita de observações simples, pausas longas e uma proximidade inesperada, que transforma a passagem das horas.
Anos depois, o narrador recorda com nitidez aquela madrugada, a sala em meia-luz e o tom baixo da conversa que travaram, guardando a sensação peculiar que o encontro lhe deixou. A cena destaca-se entre as muitas noites que passou naquela casa e permanece como a lembrança mais vívida daquele período.