A visão de uma bela mulher é capaz de causar alvoroço e olhares tesos, taquicardia e confusão, pois nada é mais belo do que estar na presença de uma linda mulher. O corpo feminino é uma obra de arte da natureza, idêntico a um quadro pintado por um grande artista, pois a mulher se assemelha a um anjo na Terra, amante, mãe, provoca e engendra paixões estarrecedoras, a vida pertence à mulher, ela é a boceta do universo, dizia Raul Seixas e a mulher, desde os primórdios mantem acesa a chama da vida, do amor, mas também suscita ódio e a morte, porque a mulher é vida e quando ela não é respeitada e amada, pode virar uma verdadeira bruxa. Muitos artistas, poetas e compositores criaram ao longo da história, verdadeiras obras de arte tendo ao fundo de suas criações as mulheres como musas. Eu tive, desde a mais tenra infância, até os dias atuais, já avançado na idade, pois lá se vão 58 anos de vida inspirada pela beleza e leveza feminina, minhas musas inspiradoras e encantadoras, que fizeram do meu circunscrito mundo, um paraíso dentro do fogo do inferno. Amei e fui amado, odiei e fui odiado, mas sempre prestei loas às mulheres, às que me traíram e aquelas que me amaram perdidamente. Este livro simples, nada mais significa do que um tributo que presto a todas as mulheres, santas, degeneradas, prostitutas, negras e índias, brancas e vermelhas, todas as estrelas que iluminam meu opaco céu, cuja feminilidade me transforma no mais feliz dos mortais, sem a mulher eu não existiria, não seria mais... A mulher é uma obra de arte. Ao se admirar uma obra de arte muitas vezes não se imagina a complexa gama de relações que envolveram o autor da obra e a inspiradora da criação. Relacionamentos conturbados, ciúme, traições. Um misto de admiração, amor, interesse e dependência que resulta em magníficos trabalhos. Parece ser essa a essência dos relacionamentos entre os gênios da arte e suas musas. Engana-se quem acha que um artista precisa de uma única e exclusiva musa para inspirar sua criação. O pintor espanhol Pablo Picasso teve a vida permeada por diversas musas - há mesmo quem diga que seu trabalho pode ser dividido em fases de acordo com a inspiradora do momento. Fernande, Eva, Olga, Marie-Thérèse, Dora, Françoise e Jacqueline foram as sete musas (ou as principais) com as quais Picasso se relacionou. Na verdade, pouco se sabe seguramente a respeito de Gioconda, ou Mona Lisa, a musa de Leonardo da Vinci que fascina multidões com seu enigmático sorriso. Estudiosos acreditam que a mulher retratada na obra de Da Vinci era a esposa de Francesco del Giocondo, um rico comerciante de Florença. Inúmeros estudos e teses contemplam a obra - desde a análise do famoso sorriso, até teorias que julgam se tratar de um possível autorretrato de da Vinci. Amantes, esposas ou amigas. Incentivadoras ou controladoras. Únicas ou múltiplas. Vítimas do amor ou de interesse. Não há um modelo-tipo da musa inspiradora ou do relacionamento com seu gênio criador, mas, felizmente para nós, a intensidade das relações ultrapassava o âmbito pessoal e se materializava em admiráveis obras de arte. Lindas, inteligentes, intrigantes, fictícias ou reais, a maioria das musas inspiradoras de carne e osso por trás de grandes obras de arte existiram e existem, disfarçadas ou retratadas fielmente, continuam a inspirar homens comuns e eternizadas em obras de arte, poesia e música e em todos os segmentos artísticos, porque sem a presença das musas a vida seria confusa e sem nexo. Da Grécia antiga pra cá, a função de inspirar artistas passou das mãos de entidades mitológicas para criaturas de carne e osso. Calíope, Clio, Euterpe e companhia cederam lugar para modelos, esposas e outras artistas, que desde então vem tocando o coração e a alma de grandes realizadores, sejam eles músicos, escritores, artistas plásticos ou cineastas.