O que um poema de Pagu, um rap dos Racionais MCs, um sermão do Pe. Antônio Vieira, um diálogo da novela das nove e um canto puxado pelo Ilê Ayê podem nos dizer sobre o Brasil? Afinal, somos forjados diariamente pela comunicação; a voz daqueles que ocupam esse gigantesco território na América do Sul.
Para além da identidade cultural, no novelo complexo que é a contemporaneidade, a comunicação é também capaz de abrir veredas, garantir direitos, enfim, servir como um espelho prismático do que podemos e gostaríamos de ser como nação. Eis aqui a beleza deste livro.
Ao refletir a comunicação sob diversos ângulos, mas no diapasão do impacto social, fica mais fácil enxergar onde o Brasil se encontra e onde ele pretende chegar.
Num primeiro olhar, podemos cair na tentação de enxergar a comunicação social como algo instrumental numa época em que a tecnologia se desenvolve exponencialmente — um uso "inevitável" que temos a fazer dela.
Entretanto, o trabalho realizado pela Fundação Roberto Marinho, cujo pano de fundo está refletido nessas páginas, provam que ela é mais que isso. Trata-se de um pilar fundamental, mutante, na construção da cidadania, garantia de direitos e promoção das práticas democráticas. Em alguns momentos ela se aproxima da educação, oferecendo modelos inovadores e chegando a lugares onde muitas vezes as salas de aula formais nunca estiveram; em outros abre-se à liberdade de expressão firmando-se fundamentalmente como uma das faces da democracia; em ainda outras situações, é pura linguagem e proposta paradigmática estrutural, transformando a maneira com que a economia, a política e a cultura se constroem.
Está tudo registrado: textos que nos ajudam a enxergar como realizar a transformação que precisamos para um país com mais equidade, justiça, educação e cidadania.
Alexandre Le Voci Sayad, jornalista e educador