Toda história de vida não contada é como se não tivesse existido. Histórias querem ser contadas, pois não querem ser esquecidas. Todas as histórias merecem ser contadas, sejam elas anônimas ou não.
Maria é uma mulher negra, nascida na Bahia na década de 60, que, quando criança, foi tirada da convivência de sua família e escravizada na cidade do Rio de Janeiro. "Meu grito de liberdade" é ao mesmo tempo o relato de uma família marcada pela separação de seus laços afetivos e uma viagem pela importância de nossas origens na formação do nosso caráter e persistência.
Com uma linguagem simples e envolvente, a narrativa transita entre diferentes tempos e lugares. Maria fala de como o preconceito é normalizado pela branquitude da elite carioca. Através de suas lembranças e rascunhos de um pequeno caderno de memórias, ela revive seus momentos mais difíceis para sobreviver na cidade "não tão maravilhosa". Maria denuncia o preconceito e os maus-tratos sofridos durante sua infância interrompida.
"Meu grito de liberdade" traz reflexões importantes sobre o imaginário e as práticas racistas do cotidiano, em um Brasil que se diz não racista, mas que normaliza a exclusão e a desumanização dos corpos de mulheres negras.