"Um sim à vida." É assim que Viviane Mosé, poeta, filósofa e psicanalista, apresenta seu livro Meu braço esquerdo como a epítome de seu pensamento.
Esta é uma narrativa poética tecida em prosa que experimenta a linguagem – por vezes em versos, por vezes em frases– e desvela incertezas e esperanças, tão comuns a todos nós. Quem somos? por que sentimos? e o que nos transforma em nós mesmos? são algumas perguntas que carregamos na alma desde o nascimento – um evento inaugural de nossa existência que rasga, ilumina e também desalenta.
Viviane Mosé, prestes a completar sessenta anos, busca então ver-se no espelho. E, através da amálgama de sua filosofia e de sua poesia, ela pôde olhar a vida de frente e afirmá-la em todas as suas dimensões. As mágoas e os sofrimentos são compreendidos como parte de um todo, e com isso uma nova forma de amor a si e ao outro transborda. Este Meu braço esquerdo é, portanto, um presente a todos e a todas; é um brinde ao bem-viver. É um sim à vida.
"Já não abro os classificados. Me livrei dos infinitos anúncios. Os quartos. As salas. Fiz um lar em muitos deles. Coloquei móveis. Tapetes. Flores. Na tentativa de algum lugar que me coubesse.
Até que a casa caía totalmente. Havia muito teto e pouca base. Móveis e louças sem chão. Andava nas ruas sem anúncios nas mãos. Já não havia casa possível. Apenas esta ausência."
*
O amor não tem cabimento
O amor derrama pelos lados
O mais perto que pude chegar do sagrado
O amor torna o corpo aceso. Iluminado
Amar é muito mais do que ser amado