Entramos em uma nova etapa da modernidade, cada vez mais ocupada em debater, prevenir e gerenciar os riscos socialmente produzidos e que são resultado direto do progresso tecnológico. Esses novos riscos de alta consequência são diferentes de tudo que já enfrentamos no passado, tanto em escala quanto em complexidade. E, por serem diferentes de tudo que conhecemos e por estarem inerentemente conectados a muitos dos aspectos essenciais da modernidade, tais riscos infectam nossa sociedade com um sentimento fundamental de vulnerabilidade.
As sociedades modernas são moldadas por novos riscos e incertezas fabricadas. Suas fundações são abaladas pela antecipação da catástrofe global. Os riscos estão cada vez mais permeando a sociedade moderna, afetando nossa cultura, nossa política e nossos espíritos.
No advento da sociedade reflexiva de riscos, vemos florescer as incertezas científicas, o medo do desconhecido, o futuro incerto, tudo isso em meio a uma complexidade social, a uma crise do Estado-nação e ao colapso de uma ordem social sustentada por paradigmas que não mais respondem aos maiores anseios da sociedade pós-moderna. Embora sempre tenham sido inerentes à sociedade, os riscos de hoje se diferenciam daqueles de outrora por seus aspectos de globalidade, imperceptibilidade e irreversibilidade decorrentes do modelo político-econômico adotado. Como respondemos a tudo isso — enquanto sociedade global — é que continua um verdadeiro mistério.